No Ângelus, Papa diz que vocação ao sacerdócio leva a uma nova dimensão da liberdade

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A vocação ao sacerdócio ou à vida religiosa é "uma das experiências mais belas da Igreja", disse o Papa neste domingo, no tradicional encontro com os fiéis para a oração mariana do Ângelus. Como em todo domingo, Bento XVI se aproximou da janela do seu escritório particular no Palácio Apostólico para dirigir-se aos católicos presentes na Praça de São Pedro.

No discurso de ontem, Bento XVI partiu da análise do Evangelho do dia, de Lucas, para abordar novamente a vocação sacerdotal. O Santo Padre refletiu sobre a passagem na qual Jesus, enquanto caminha pela estrada em direção a Jerusalém, encontra alguns homens, provavelmente jovens, que prometem segui-Lo onde for.

Com eles, Jesus se demonstra muito exigente, advertindo-os de que "o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça", de forma que quem escolhe trabalhar com Ele no campo de Deus não pode mais voltar atrás. A outro, lembra o Papa, Jesus diz: ‘Segue-me, pedindo-lhe uma interrupção radical com o passado inclusive com os familiares'.

"Deus não é uma entidade abstrata, mas uma Realidade grande e forte" e também "uma Pessoa vivente e próxima, que nos ama e pede para ser amada", observa o pontífice, refletindo sobre a passagem. A vocação divina pode parecer dura, mas na realidade é "a novidade e a prioridade absoluta do Reino de Deus". "Seguir Jesus" significa "uma nova dimensão da liberdade" para o homem que decide deixar "a família de origem, os estudos ou o trabalho para se consagrar a Deus".

O chamado feito no Evangelho prefigura a vocação religiosa e sacerdotal que requer uma total adesão. Para o Santo Padre, esse chamado é "uma das experiências mais bonitas que fazem na Igreja: ver, tocar com a mão a ação do Senhor na vida das pessoas.

Bento XVI recordou ainda, após a oração e concessão de sua benção apostólica, a figura de Estéphan Nahmé, que foi proclamando beato no Líbano. Foi um religioso da Ordem Libanesa Maronita, uma das mais influentes no país, que viveu entre os anos 1889-1938. A cerimônia de beatificação foi presidida pelo prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Angelo Amato.

O tema da vocação divina esteve ao centro das tradicionais saudações. Em espanhol, Bento XVI afirmou: "En el evangelio proclamado este domingo, se nos muestra un verdadero programa de vida cristiana y Jesús mismo nos invita a un seguimiento más radical de su Persona, basado en el amor y el servicio. De la mano de la Santísima Virgen María, supliquemos la gracia de entender cada día más esta paradoja evangélica: que sólo el que pierde la vida por Cristo, la gana realmente".

De 7 de julho até meados de setembro o Papa estará em Castel Gandolfo para seu habitual período de descanso. Este foi o último Ângelus do Papa em Roma antes de suas férias, já que no próximo domingo o pontífice se dirige a Sulmona para a visita pastoral pelo 8° centenário de nascimento do Papa Celestino V.

Pela primeira vez em anos, o Santo Padre não deixará sua residência de verão, permanecendo durante todo o seu período de férias em Castel Gandolfo. Nos anos anteriores, Bento XVI se dirigia por cerca de duas a três semanas também às regiões do Vale d`Aosta ou de Bressone.

 

papa_audienciaO Papa bento XVI disse nesse domingo que o ano sacerdotal é bom e produziu os seus frutos.


Durante a oração mariana do Ângelus, sua santidade disse que o sacerdote está carimbado com a caridade de Cristo.
E quem esteve na cerimónia de encerramento do Ano sacerdotal em Roma é o nosso colega António Estêvão.

 

 

 

 

 

 O Papa Bento XVI pede perdão as vítimas de abusos sexuais,no encerramento do Ano Sacerdotal em Roma.

 

papa_perdoO papa pediu perdão. Bento XVI aproveitou o encerramento do ano sacerdotal para desculpar-se em nome de toda a Igreja, às vítimas de abusos sexuais.

Roma testemunhou a celebração eucarística com o maior número de concelebrantes da sua história.

A Missa, presidida por Bento XVI, colocou um ponto final neste ano, que sua Santidade convocou para assinalar os 150 anos da morte do Santo Cura d'Ars, João Maria Vianney. Mais dados com António Estêvão, o nosso enviado especial.

Em uma cerimônia no Vaticano nesta sexta-feira, o papa Bento XVI voltou a pedir perdão pelos abusos sexuais cometidos por sacerdotes e prometeu ampliar o controle sobre os membros do clero desde o seminário a fim de evitar novos crimes do tipo.

Bento XVI falou diante de 15 mil clérigos reunidos na Praça de São Pedro para participar da cerimônia de encerramento do ano dedicado ao sacerdócio.

Vestidos de branco, os sacerdotes lotaram a praça, em um evento considerado sem precedentes no Vaticano.

O papa pediu que, diante da crise de vocações, os jovens descubram a aptidão para o sacerdócio e fez uma relação entre o "diabo" e o escândalo da pedofilia na Igreja Católica.

"Era de se esperar que o 'inimigo' não iria gostar de um novo brilhar do sacerdócio, ele teria preferido vê-lo desaparecer para que Deus fosse empurrado para fora do mundo. E assim aconteceu que, justamente neste ano de alegria para o sacramento do sacerdócio, vieram à tona os pecados dos sacerdotes, sobretudo o abuso contra os pequenos. Pedimos insistentemente perdão a Deus e às pessoas envolvidas", disse o Papa.

Carta
O papa já havia pedido perdão pelos abusos sexuais cometidos por religiosos católicos numa carta que escreveu aos católicos irlandeses em março.

Segundo uma pesquisa realizada pelo governo da Irlanda, milhares de menores foram vitimas de abusos cometidos por clérigos no país entre 1930 e 1980.

Depois da Irlanda, denúncias de abusos foram divulgadas em diversos países, e a hierarquia da Igreja Católica foi acusada de proteger e esconder os culpados.

O Vaticano publicou as regras a serem adotadas em casos de abusos, entre elas a denuncia do culpado à justiça civil.

O Papa se comprometeu mais uma vez - como fez durante uma visita em Malta em abril, quando encontrou com algumas vitimas de abusos - a fazer o possível para que esses crimes não mais ocorram.

"Queremos prometer que faremos todo o possível para que um tal abuso não ocorra nunca mais e que na admissão ao ministério sacerdotal, e durante o caminho de preparação a ele, faremos todo o possível para avaliar a autenticidade da vocação. Acompanharemos ainda mais os sacerdotes em seu percurso", prometeu Bento 16.

O papa também afirmou que é preciso interpretar o escândalo dos abusos como uma oportunidade para se purificar.

"Consideramos o que ocorreu como um dever de purificação, um dever que nos acompanha no futuro, com o compromisso de responder ao dom de Deus com nossa coragem e humildade."

Bastão

Em alusão aos sacerdotes que cometeram abusos, Bento 16 disse que a igreja deve usar o "bastão" contra comportamentos condenáveis, e também para defender a fé contra deturpações, como o pastor faz para proteger seu rebanho.

"A Igreja deve usar o bastão do pastor para proteger a fé contra os falsificadores e as orientações que são desorientações. O uso do bastão pode ser um serviço de amor", disse.

"Tolerar comportamentos indignos da vida sacerdotal não é amor, assim como não é amor deixar proliferar a heresia e a deturpação da fé, como se nós a inventássemos e não fosse um dom de Deus", afirmou.

O papa disse ainda que, como o pastor de ovelhas, além do bastão, o sacerdote deve também usar a vara, que serve como apoio para atravessar caminhos difíceis.

"As duas coisas são previstas no ministério da Igreja, no ministério do sacerdote", disse Bento 16, que definiu o sacerdócio como um sacramento e não um trabalho burocrático.